Panamá (ops... América Central), Rockville, Washington DC, Nova York, New Jersey, Montreal, Quebec , Toronto, Buffalo
Às vezes faço coisas meio malucas, como viajar para a América do Norte, sem falar inglês, deixar o marido tomando conta da casa, e ter mais de 50 anos de idade nas costas. Mochilar pela Europa é fácil. Já fiz isso. Tem milhares de tópicos te orientando, mas mochilar pela América do Norte é mais raro de se ver. Quase não vi nada a esse respeito, tanto é que esse roteiro foi eu quem inventei. Ficou meio corrido, mas até que deu certo. Quer saber mais dessa história? É so ter paciência e ler meu relato de viagem.
Viajando com o marido? #soquenão
Nesse ano de 2017, completo 25
anos de casada. É... bodas de prata. E para comemorar fiz um mochilão na
América do Norte. Só que tem um pequeno detalhezinho. Sem meu marido. Durante a viagem trocamos mensagens saudosas
pelo whatsapp e só. Talvez se eu explicar melhor como funciona essa dinâmica de
ser casada e viajar sem marido, a coisa faça mais sentido. Em 2005 fiz minha primeira viagem sem meu
marido, só com os filhos. Na época, nossos pensamentos divergiam - ele alegava falta de tempo e de dinheiro. E eu
achava que a vida era curta demais para desperdiçar tanto tempo trabalhando sem
investir com o lazer. E assim, nesses anos, sempre que juntava um dinheirinho
com meu pequeno salário de professora, viajava com os filhos. Normalmente ía de
ônibus, exceto quando fomos para Europa (uma das vezes ganhei a passagem em um
concurso cultural e a outra vez meu filho já estava lá estudando e fui
visita-lo), pois a passagem de avião era muito cara no mês de julho. Nesses
anos mochilamos pelas cidades: Buenos
Aires, Bariloche, Valência (Espanha), Puerto Iguazu, Foz do Iguaçu, Cidade Del
Leste, Rio de Janeiro, Vitória, Lisboa,
Barcelona, Andorra, Paris, Londres, Berlim, Amsterdã, Veneza, Roma, Porto
Alegre, Montevideo, Colonia Del Sacramento e Punta Del Leste. E assim, nessa aventura eles foram crescendo.
Meu marido, sempre me dava apoio moral e às vezes financeiro, mas dizia que era
muita loucura fazer isso. Para os amigos e conhecidos era conhecida como “a mãe
mochileira”. Ele contava minhas aventuras com orgulho da esposa, posicionado de
resistência, mantendo-se invicto diante das minhas peripécias de viagem. Só que
para o meu desespero, meus filhos cresceram e cada um agora tinha os seus
compromissos. Atualmente o velho está com 23 anos e o mais novo com 22. Diante desse cenário de ninho vazio, bateu
dentro de mim um vazio de mochileira. Com quem viajaria? Meu marido, mineirinho
resistente, foi taxativo dizendo: - isso não é para mim. E eu o entendo
perfeitamente, pois nem todos nascem com esse espírito aventureiro. E como o
respeito às individualidades aqui em casa sempre foi uma constante, precisei
criar novas alternativas.
Para viajar é necessário planilhar
Não queria esperar pela minha
viuvez para poder continuar com minhas viagens, como tenho visto por aí. Quero curtir meu maridinho por muitos anos –
amo esse menino. Mas, no ano passado, de
brincadeira, fiz uma planilhazinha com os custos de viagem pro Chile, montei um
grupo no whatsapp com amigas interessadas, eu tenho 52 anos e sou a mais nova
do grupo, e a mais velha tem 63 anos.
Enfim, quando percebi que que era um bom
momento para comprar a passagem, acionei o grupo. Quatro compraram a passagem
naquele dia depois mais uma comprou e assim fomos as 5 para o Chile no início
de 2017. Foi uma viagem incrível e
marcante, que gostaria de compartilhar em outra postagem. Voltamos para o
Brasil cheias de sonhos e decidimos que América do Norte seria o nosso próximo
destino, já que todas estávamos com o
visto americano. Fiz uma planilhazinha
com os custos e fiquei de olho no preço das passagens. Para variar, sempre
viajo em julho por conta das aulas e o preço de passagens nessa época sempre é
muito alta. Mas achei uma pela Copa com um preço bem bacana. Novamente acionei
o grupo e nós 4 compramos a passagem para os Estados Unidos – Washington. Uma
vez que a passagem estava comprada. Iniciei
a execução da planilha com reservas e tudo mais. Foi bem loucura fazer
um mochilão em janeiro e outro em julho do mesmo ano. Afinal, sempre dou 1 ou 2
anos de intervalo para juntar dinheiro. Porém, descobri que quando se há uma
meta a ser realizada, os recursos aparecem quase misteriosamente. E foi assim.
Parcelei a passagem e o resto do meu salário era para comprar dólares. E em
julho realizamos a nossa tão sonhada viagem a terra do Tio Sam
Uma conexão no Panamá
Quem nunca ficou com um medinho
de perder conexões, ficar travado em
alguma imigração, ou mesmo perder vôos? Eu!!!! Daí comprei a passagem com uma conexão bemmmm grandona. Acho que exagerei nas 12 horas de conexão. O lado bom é que no
início tudo é festa. Partimos de São
Paulo até o Panamá. Já tinha trocado
e-mail com o lendário Orville e contratado por 110 dólares um táxi para ficar
conosco das 11 às 17 horas e nos levar para conhecer o Panamá. Depois dos trâmites na imigração,
preenchimento de formulários, comprovação da vacina, seguimos para a saída e lá
estava a nossa espera com um cartaz, o nosso taxista. Não era o Orville, ele
mandou um outro taxista, mas muito simpático por sinal. Constatei que o espanhol
do Panamá é diferente daqui do sul, mas deu para arranhar algumas palavras e
foi bem legal explorar o Panamá de táxi. Fomos ao Canal, ao museu Miraflores,
almoçamos e depois fomos ao Centro Novo e velho. Foi bem legal. Valeu a pena. E
o melhor que estávamos em 4, daí dividimos esse valor que deu 27,5 dólares para
cada uma. No Panamá, o dólar é aceito
normalmente, então nem trocamos dinheiro.
Por isso foi bem tranquilo. O taxista nos deixou no aeroporto e de lá
partimos para Washington.
Imigração dos Estados Unidos – nem doeu
Depois de tanto ler sobre a
imigração e ouvir tantas experiências, deu um baita frio na barriga. Não porque
eu ía fazer algo errado. Estava tudo correto, mas gera tanta insegurança. E
minha grande barreira é a língua. Como responder coisas que mal entendo
direito? Se fosse Miami, certamente teria milhões de agentes que falam
espanhol, mas Washington, não é um destino muito comum para brasileiros. Chegamos às 3:30 am. A estratégia era que
estivéssemos sempre as 4 juntas. Na minha matemática é que 4 pessoas com inglês
básico, talvez resultasse em um intermediário.
Na imigração, eu apresentei minha
planilha (traduzida) com passagens, reservas, seguro de viagem, extrato
bancário. O agente nem olhou para a papelada. Apenas disse que fôssemos bem
vindas, com as duas perguntas que sempre faz: De onde éramos e quanto tempo
ficaríamos. Carimbou nossos passaportes e pisamos na América. Um casal amigo
nos esperava no aeroporto. E foi tudo tão tranquilo que nem acreditei. Ficamos
na casa deles e dormimos um pouco lá, até a noitinha, quando fomos para o nosso
hotel em Rockville.
Rockville – um oásis em USA
Quando fui fazer as reservas para
hosteis, quase não achei nos Estados Unidos e quando achava não estava de
acordo com o que eu queria. Daí as minhas reservas foram, na maioria das vezes
para hotéis com 2 camas de casais. Os preços ficavam mais em conta que os
hosteis. E para minha surpresa o hotel que reservei era muito chic. Nunca tinha
ficada em um lugar assim. Todo carpetado. As camas eram imensas, lencois macios, travesseiros super fofos –
acho que pena de ganso. Suíte linda. Vista linda. Senti-me a cara da riqueza.
Só o café da manhã é que não estava incluso. Daí no primeiro dia, fomos tomar
no hotel, por 15 dólares. Pela suntuosidade do hotel, achei que seria um super
breakfast. Mas que nada. Era bem ruizinho. Por isso, nos dias seguintes tomamos
café em uma bakery pertinho do mesmo e pagamos bem menos.
E por falar em padaria, preciso
contar esse episódio que me fez chorar de rir depois.
A gente ouve tanto sobre os
atentados terroristas que fica meio cismada na América. Um dia, na bakery, ao
nosso lado tinha um senhorzinho. Não sabíamos sua procedência. Ele abaixou a
cabeça como se orasse, saiu da sua mesa, deixando sua mochila. A imaginação de minha amiga foi longe: Será
que ele orava a Alá pedindo perdão pelos pecados e entregando as nossas vidas
para ele? E se ele passar na esquina, dar tchauzinho apertar um botão e BLUM. Imaginei minhas
perninhas voando no ar. Os minutos que sucederam foram de muitas suposições e
imaginação fértil. Confesso que fiquei com medo. Mas... logo o senhorzinho voltou do banheiro,
catou a sua mochila e se foi. Eu soltei
um: - Graças a Deus aliviado. E esse episódio foi um dos que rendeu boas
risadas. Mas logo chegou nossa amiga que mora em Rockville e nos levou para
conhecer a Casa Branca e outros lugares. A nossa estada em Washington foi muito
tranquila, pois fomos paparicadas por
alguém experiente e que conhece o lugar para nos ajudar com os passeios a
lugares turísticos, compras, outlets e costumes. Foi uma espécie de estágio
preparatório de grande utilidade. Porque em alguns dias, partiríamos para Nova
York e lá estaríamos sozinhas.
Sorry New York
Pegamos um ônibus da Vamoose e
fomos para New York. Nossas malas foram colocadas no bagageiro, mas uma das
malas, minha amiga levou junto com ela, pois tinha computador, câmera
fotográfica. O motorista informou que as bagagens de mão não poderiam ir no chão,
mas no local adequado. Nos acomodamos e
de repente o ajudante do motorista postou ao nosso lado e falou, falou, falou e
se foi. Olhamos uma para outra com milhões de interrogações. Essa era a nossa
cara sempre que alguém falava algo ou dava algum aviso. Nunca entendíamos nada.
E eu fiquei processando algumas palavras e conclui que aquele rapaz dissera
algo sobre a bagagem que minha amiga pôs no chão. É claro que quando conclui
isso já estava chegando em Nova York e constatei que uma característica do
americano é não invadir o espaço alheio.
Qualquer indício de esbarrão é um Sorry. É tanto sorry que você fica até
meio zonza. E aquela mala no chão poderia deslizar e esbarrar em alguém,
portanto, sorry, só vim entender isso
depois.
4 de julho em Nova York
Chegamos no 4 de julho em Nova
York no bairro sinistro de Chinatown. Eu não sei você... mas assim que chego em
um novo local, até me familiarizar e entender o local, fico meio com cara de
cachorro que perde a mudança e meu senso de lateralidade é horrível. Baixei no
meu celular os mapas off-line no Google Maps de todos os lugares onde fui. Mesmo
sem internet, apenas com a localização ligada, sei ao certo onde estou. Mesmo
com esse recurso, era difícil me familiarizar no começo com as localizações.
Como estava no Chinatown, queria ir até a ponte do Brooklyn e fomos caminhando. Sempre acabava entrando
em alguma rua errada. Pedia informações e enfim... foi meio tenso. Havia lido
que tinha uma linda queima de fogos na ponte do Brooklyn no 4 de julho. Depois de muitas cabeçadas e pernadas
chegamos ao nosso destino. Tinha umas 30 pessoas na pracinha. Disseram que
esperavam pela queima. Foi hiper frustrante. Pois imaginava uma super queima de
fogos. Muitas pessoas. E daqui pouco ouvimos um pou pou pou e vimos uns 3
foguinhos. Aff... era aquilo? Que decepção. Não entendi nada. Estávamos
cansadas, famintas. Já tinha escurecido. Voltamos a pé para o nosso hotel. A
volta foi mais tranquila. Achamos com facilidade. Pensando melhor nesse
episódio, conclui que deve ser legal ver a queima do lado do Brooklyn ou no
meio da ponte, mas não no pé da ponte, do lado de Manhattan. Nem sempre as
coisas acontecem como queremos.
New Jersey
O hotel que ficamos em Nova York
foi bem legal também e tinha café da manhã incluso. E sempre após o café
saíamos para explorar. Eu não curto muito o lance em comprar pacote de ônibus
de turismo. Na minha opinião é chupar bala com papel, sem sentir o sabor. Gosto
de me embrenhar nos lugares, vasculhar tudo. E foi assim que fizemos depois do
café, saímos a explorar o downtown da ilha, caminhamos pelo centro financeiro,
fizemos compras na Century21 e chegamos até o memorial do 11 de setembro. Na volta paramos no South Street Seaport. Local
muito agradável para um fim de tarde contemplando o rio East, as embarcações e as gaivotas. Por fim, voltamos para o hotel,
sem antes parar em um mercadinho pra comprar lanchinhos para comer na janta.
Esse foi o nosso ritual de quase toda viagem. No dia seguinte foi minha
experiência no metrô de Nova York. Até hoje não entendi ao certo como funciona,
mas consegui usá-lo. Não comprei o passe semanal, como muitos sugerem. Comprei
o bilhete simples desci no Rockfeller Center e conheci alguns lugares
caminhando, como a 5ª. Avenida, o Times Square, Lojas de grife e um pedacinho
do Central Park. Visitei algumas lojas, mas é muita ostentação. Nisso foi o dia inteiro e optamos voltar de
táxi, pois já era tarde.
O pessoal estava doidinho para ir
ao Walt Mart, mas não tem na ilha e me parece que o mais próximo está em New Jersey. Assim no dia seguinte, pegamos o metrô, fomos
até o terminal Port Authority para tomar um ônibus até New Jersey. Sabíamos de
tudo isso, mas o problema foi achar o guichê do ônibus de New Jersey para
comprar os tickets. Pedíamos informações, fingíamos que entendíamos seguíamos em
frente e nada. Rodamos o Port Authority, subíamos e descíamos e nada. Teve uma
senhorinha, que deu informação em espanhol. Ele muito simpática nos ensinou a
contar: one... two... three... Mas nem assim achávamos o guichê. Por fim, minha
irmã disse: - vamos procurar um
banheiro. E quando saímos a caça de um
banheiro, vi discretamente umas máquinas de vendas de passagens para NJ.
Achamos a dita cuja. Compramos nossos bilhetes nas máquinas e para descobrir
onde tomar o ônibus foi outro “parto”. Sempre que alguém falava um número,
nossa mente bloqueava. Nem aprendendo os
números com o método da senhorinha latina conseguia entender os números. Por
fim, alguém teve paciência conosco e anotou na passagem o nosso portão de
embarque. Daí ficou mais fácil. Fomos para o Walt Mart, fizemos nossas
comprinhas e voltamos. Só que o one, two, three... da senhorinha latina virou a piada da nossa viagem
inteira.
Socorro, minha mala não veio para Montreal
Quando recebi o e-mail da Delta, com minha passagem para Montreal, constatei que
faltava uma letra no meu segundo nome. Liguei para lá pedindo a correção, mas a
atendente disse que o sistema emitira assim porque não cabia o nome inteiro e
que não havia problema. Fui tranquila,
mas na hora de fazer o checkin nas maquininhas do aeroporto, só o meu não deu
certo porque o nome não batia. Tive que passar com a atendente e as correções foram feitas, mas ela demorava para
fazer as coisas. Tudo ela perguntava. Fiquei tão cismada com aquela moça. Ao
chegar em Montreal, na hora de pegar bagagens... Cadê a minha mala? Ela não chegou.
Foi tensa a situação. Pois mal falo inglês. Fui ao guichê das malas
desaparecidas quase chorando e disse: My baggage lost – hablas espanhol? A
funcionária até tentou... mas um senhorzinho apareceu dizendo que falava
português e me ajudou em todo o processo, preenchendo inclusive o formulário para
mim. Minha mala tinha ficado em Nova
York e só foi entregue no hotel no dia seguinte. Até então, muita tensão e expectativa até
receber a bagagem. Fora esse episódio, gostei muito de ficar em Montreal. O
hotel não era tão luxuoso como o dos Estados Unidos, mas Montreal me lembra França, por isso me senti na Europa. Nosso hotel ficava perto
do bairro velho e daí curtimos demais andar nas ruas coloridas, floridas e
vibrantes de Montreal. Acho que me identifico em espaços menores. No primeiro
dias nos dedicamos a conhecer a cidade velha, no dia seguinte, a cidade nova.
Incrível. Não andamos de metrô em Montreal. Percorremos a cidade. Experimentei
o Maple Syrup. Vi gente entrando e saindo de uma portinha e descobri que era um
RESO. Entrei lá e tinha até fonte de água. É tudo tão discreto e quando você vê já está
nele. Acabamos achando um lugar para comer por quilo bem baratinho. Aliás, amei
os preços canadenses, bem melhores que USA, sem contar que o dólar canadense é
mais baratinho. Outra coisa peculiar é que vi várias mulheres trabalhando na
construção civil, em reformas de ruas e outros serviços mais “tipicamente”
masculinos aqui no Brasil. De Montreal,
fomos para cidade de Quebec de trem. Foi uma experiência marcante. Ao chegarmos na estação de trem de Montreal,
cheia de bagagens, parei um pouco para achar as passagens, tentar entender como
aquilo tudo funcionava e buscar informações em algum guichê. De repente, apareceu um funcionário muito
simpático da Rail e perguntou se precisávamos de ajuda. Disse que estava indo para Quebec e
mostrei-lhe a passagem. Ele prontamente nos orientou onde despachávamos a
bagagem e qual era nosso portão de embarque. Embora nem precisasse, pois é tudo
muito bem sinalizado como um aeroporto. Já viajei de trem para Europa e a gente
tem que colocar a bagagem no trem e brigar por espaços. Na Rail não. Tem um vagão só para bagagens.
Minha amiga despachou duas malas e nem cobraram excedentes. Na hora certa,
partimos rumo a Quebec.
Quebec, amor a primeira vista
Sempre que viajo tenho as cidades
queridinhas. Quebec foi uma delas. A começar pelo hotel simpático. Ele não
ficava no Centro de Quebec, pois na época em que fui fazer a reserva essa
região era muito cara, então optei por um em uma região mais retirada... mas
ele não deixou a desejar. No dia seguinte, para visitarmos La Citadelle, fomos
de táxi. E de lá andamos muito, nos encantando em cada canto desse lugar. E uma
das coisas que mais me chamou a atenção foi o zelo, a limpeza, o verde, as
floreiras e uma dúvida pairou o que acontece no inverno com a neve? Morre tudo?
Eu tenho a impressão que não. Acho que elas adormecem num sono da beleza e
quando chega a primavera elas despertam mais viçosas e gratas. É a lição da resiliência. Aprendem com as
agruras do frio a serem persistentes e resistentes. Acho que foi essa a lição que percebi naquele
solo tão florido e verdejante. Talvez falte neve no nosso Brasil e por isso não
aprendemos a ser resilientes. Tornamo-nos frágeis e diante das adversidades
acabamos perdendo o brilho e não valorizando
a riqueza natural que nós temos o ano
inteiro.
Quebec deixou uma marca positiva
em nosso coração. Visitamos no dia seguinte Montmorency de ônibus. Consegui
comprar o bilhete em uma lojinha de conveniência e pegamos o ônibus até as
cataratas de Montmorency. Eu vibro com esses desbravamentos e esse dia foi
especial, pois compramos um lanche para fazer pic nic no parque. Descemos 435
degraus até o pé da cascata, depois subimos os mesmos 435 degraus pensando no
lanchinho delicioso que nos esperava. Só assim mesmo para conseguir chegar lá.
Puf Puf. E no dia seguinte foi dia de partir para Toronto. E novamente a Rail
me surpreendeu. Enquanto estávamos na fila, esperando o trem. Um funcionário,
muito simpático, pegou as nossas passagens e mudou o número de nossos assentos.
Não entendemos o porquê. Quando entramos no trem, descobrimos que ele mudou
para que nós 4 ficássemos juntas. Tipo mesinha e poltronas em frente uma com a
outra. Nos assentos anteriores era de
duas em duas... mas esse era especial para grupo de 4. Ele viu a necessidade,
remanejou e resolveu sem estadarlhaço e sem pedirmos. Não é fofa essa Rail?
Toronto, aí vamos nós
Foram quase doze horas de viagem.
E quando chegamos em Toronto já tinha escurecido. Era mais de 9 horas da noite.
E lá veio o nosso primeiro susto. Toronto foi a única cidade em que fiquei em
hostel. E quando o taxista parou no endereço. Cadê o hostel? Era um bar. E
entramos com aquele monte de malas no bar procurando o hostel. E não sei se fui
compreendida, comecei a subir escadas que não davam em lugar nenhum. Descemos e
adentramos bar adentro, com aquele som alto.
E por fim, alguém se apresentou como do hostel e nos entregou a chave e
fizemos o pagamento. Com as chaves subimos com as nossas malas no primeiro
andar e lá foi nos apresentado o nosso quartinho. Confesso que a primeira vista foi assustador.
Já tinha desacostumada com os hoteis. Mas depois de uma noite de descanso, as
coisas são vistas com mais clareza. O hostel era limpo, organizado e com uma
cozinha bem equipada. O metrô ficava quase que encostado no hostel em um bairro
grego. E lá fomos nós comprar nossa passagem do metrô. Pedi um bilhete simples
e a atendente explicou um monte de coisinhas em inglês. E não é que entendi um
pouquinho? Ela sugeriu que comprássemos o passe diário familiar de fim de semana por 12 dolares.
Valia para 2 adultos e 3 crianças. Compramos dois passes, já que estávamos em 4
e naquele dia percorremos vários pontos turísticos de Toronto. Toronto lembrou-me NY e tem até uma Times Square.
Das aventuras do dia, quase entrei de
penetra em um casamento indiano na Casa Loma. Em Toronto, íamos comprar nossa
passagem de ônibus para Buffalo, mas com tanta fofura da Rail, acabei comprando
a passagem de trem no guichê da Rail. Era o dobro do preço a viagem de trem,
mas pensamos que valeria a pena... #soquenao
Buffalo, de trem
Cedinho partimos para Buffalo. Em Toronto, o
pessoal da Rail não era tão amigável. Ao analisarmos a passagem descobri que
não tinha número de assento, ou seja, sente-se quem puder. Não tinha despacho
de bagagem, apenas um compartimento em cada vagão. Que se vire. Ficamos
decepcionadas. Olhando melhor. O trem não era da Rail, ela apenas emitia. Daí
entendi o porquê. E assim começaram as dúvidas. E a imigração? Como será o procedimento? O destino final é
Nova Yorque, vamos descer em Buffalo, temos que ficar ligadas em todos os avisos. E assim, no primeiro
aviso, foi hilário. Não entendemos nada. Olhávamos uma para a cara da outra
cheia de interrogações e caíamos no riso.
Chegou o momento da imigração. Lá fomos nós com a planilha em punho. O
agente da imigração acho que desistiu de me entrevistar, porque viu que meu
inglês era péssimo e já liberou a entrada. O trem ficou esperando todos
passarem na Imigração e daí perguntei para o funcionário do trem sobre a
estação de Buffalo. Ele disse que era próxima. E assim o trem partiu e eu
acompanhava tudo no Google maps na minha bolinha azul e quando ele se aproximou
da estação de Buffalo, nos aprumamos para descer. O funcionário nos barrou
dizendo. Stay here!!! Nisso subiu passageiros. Ele acenou para que
mantivéssemos sentadas. O trem partiu... Achei que tivesse uma outro estação
para descer... e nada... o trem andou e foi se distanciando. Eu estava tensa,
pois pelo maps teríamos que descer na Estação de Buffalo. Depois de muito
andar, o trem parou e o funcionário disse para descermos que lá era o nosso
destino. A estação era pertinho do aeroporto mas, muito longe do nosso hotel. Parecia
uma estação fantasma, pois nem tinha quase ninguém e muito menos táxi. Lá
estávamos com aquele monte de bagagens naquela estação desértica, como num
velho oeste. Dirigi-me a um funcionário ali da estação e perguntei onde tinha
um táxi. Ele prontamente pegou o telefone e pediu um para nós. Esse povo é
muito solícito. Dez minutos chegou o táxi e nos levou até Buffalo. A noite, entendi o porquê o funcionário nos
deixou no aeroporto, foi por causa das malas. Ele achou que estaria fazendo um favor
nos deixando lá. Enfim... Buffalo é bem interessante. Tem imensos prédios, mas
quase não se vê pessoas nas ruas. E na verdade, fui pra Buffalo porque a
passagem para Washington ficava mais em conta de lá. Aproveitei para conhecer
as cataratas do Niágara. Um taxista paquistanense, muito falante nos levou até lá.
Demos muitas risadas com ele, e acabamos contratando-o para o dia seguinte nos
levar ao aeroporto.
O mico de Buffalo foi o elevador
do Hotel, que por sinal, foi o mais chic que fiquei. Era realmente muito bonito
e o café da manhã era bem rico (para os meus padrões de pobreza – rs) Vi nos
comentários, gente comentando que era fraco de opções. Enfim, teve um dia que pegamos o elevador
(panorâmico) e ele parou no terceiro andar. Algum hospede tinha o chamado, mas
desistiu de ir. Queríamos ir para o 5º andar, mas o elevador empacou no 3º
andar e não subia por nada. Apertamos todos os botões e nada. Por fim, subimos
dois lances de escada, reclamando do elevador. No dia seguinte, descobrimos que
tinha que pôr o cartão chave para subir no andar desejado. Eita.
Washington – Panamá – Brasil
E no dia seguinte, acordamos
cedinho para tomar o nosso vôo. Era muito cedo, 5 horas da manhã, e café só era servido a partir das 7 horas.
Enquanto esperávamos o táxi, a recepcionista entregou para nós um saco
contendo, maça, barra de cereal, água e ovo cozido e nos desejou boa viagem.
Fiquei pensando na excelência do serviço, pois eles não tinham obrigação em nos
servir nada. Partimos de Búffalo e nossa amiga de Rockville nos buscou no
aeroporto. Tinha várias coisas que compramos nas outlets em Washington na casa
dela. Montamos nossa mala e a noitinha
voltamos para o Brasil, naquela escala monstruosa no Panamá. A única coisa que
queríamos era a nossa casa. Estávamos cansadas demais, mas fora isso, felizes
porque tudo dera certo mais uma vez. E
se você quer saber alguns preços de passagens, estadia e etc... disponibilizo
minha planilha. E esse foi meu mochilão Americano.