1) A Torre Eiffel me contou uma história
Na minha humilde opinião, vir para Europa e
não conhecer Paris é algo meio incompleto, daí não poderia deixar de ver a
cidade das luzes. Embora confesso que foi meio frustante sair do Charlies de
Gaulle de ônibus, depois da meia noite, debaixo de chuva e não ver tantas luzes
assim. Dentro de mim eu disse: - Está mais
para São Paulo do que Paris. As nuvens
negras de Paris só se dissiparam no dia em que caminhei da Champs Elysées até
o Arco do Triunfo e em seguida fui à pé até a Torre Eiffel. Coloquei Edith
Piaf no meu velho smartphone LG enquanto caminhava e, quando avistei a Torre quase chorei. Foi algo forte
mesmo. Senti-me em Paris, na tão falada e tão sonhada. Não subi a torre. Até
poderia, mas tinha uma fila tão imensa, por isso optei ver Paris alto de MontMatre.
Apenas rodei-a, em meio aos camelôs africanos, gente de várias nacionalidades procurando um ângulo
para fazer sua selfie, gente no gramado descansando e contemplando a torre.
Olhando para o alto da torre eu avistei os nomes: Lavoisier, Ampere e outros grandes nomes franceses. O francês honrando e
valorizando a sua história. Durante o período que fiquei na Europa esse
aprendizado foi bem intenso – Europa tem história, Europa conhece a sua história, Europa conta a
sua história através dos seus monumentos.
2) Tem poucos funcionários nos lugares
Foi meio tenso chegar quase três horas da
manhã, debaixo de chuva, com aqueles montes de malas e tocar a companhia do
hostel. Pela vidraça, meio embasada, deu
para ver alguém de luvas de limpeza, balde em punho e cadeiras empilhadas para
faxina. Essa pessoa veio abrir a porta e logo imaginei que fosse o
faxineiro. Ele abriu a porta e
perguntou-nos se queríamos ser atendidos em inglês ou francês. Meu filho tomou
a frente do diálogo, sabendo das minhas limitações com relação as duas línguas
e optou pelo francês. O atendente sorriu,
tirou as luvas de limpeza, tomou o seu lugar na recepção e fez a nossa ficha.
Deu-nos as instruções preliminares, cobrou as nossas diárias e orientou-nos
onde era no quarto e depois de nos atender, voltou ao seu posto de faxina. Esse
foi o meu primeiro choque aqui na Europa. Nos lugares onde passei, pude
perceber que os poucos funcionários que
existem estão aptos a fazer tudo, desde faxina, até ser bilíngue. Uau. Só
lembrando que fiquei em um hostel e não um hotel 5 estrelas, onde a realidade
deve ser diferente.
3) 14 Juliet – eu tinha que estar em Paris - Bastille Day
Não tem preço
ser chamada pelo filho de gênia por estar em Paris bem no 14 juliet. Se um dia
fizer mochilão para Europa em julho, esteja em Paris nessa data. Nesse dia
fomos até o Louvre e não pagamos nada. Está certo que a fila estava imensa e
tinha um monte de asiáticos furando fila, mas tudo bem. O Louvre é fenomenal. E
optei em não tirar fotos, fiquei me deliciando de ver tanta obra de arte junta.
Fiquei extasiada com o teto, com os quadros, com a arquitetura. Teve uma hora
que meu filho falou: - Mãe!!! Você demora demais. Assim a gente vai ficar aqui
o dia inteiro e temos muito o que fazer. Eu respondi: - Calma filho, eu estou
apenas degustando dessas maravilhas. E ele respondeu: - Degustando??? Nesse seu
ritmo isso é uma refeição completa.
Morri de rir. E quando penso no Louvre, lembro desse momento. Enfim.... depois
do Louvre, voltamos pro hostel para um breve descanso, pois logo mais iríamos a
noite para a queima de fogos na torre Eiffel. Pegamos o metrô e fomos sozinhas,
ou melhor, sem o meu filho, pois ele queria se encontrar com os amigos. Foi uma
experiência maravilhosa. Era muita gente, talvez umas 500 mil pessoas ou mais em volta da torre, num show e em seguida
muitas luzes na torre e fogos. Foi algo indescritível. Não fiquei até o final,
com medo daquela multidão. Só um detalhe curioso. Saímos alguns minutos depois da meia noite e
fomos pegar o metrô e quando fui colocar o meu bilhete o guarda fez sinal que
não precisava. Na verdade, para evitar tumultos, nesses eventos eles deixam
tudo livre para ter uma maior circulação. E assim voltamos para casa sem
precisar pagar o metrô e felizes da vida, porque vimos um super evento e nem
nos perdemos em Paris.
Mais uma vez, o
Felipe nos deixou para sair com os amigos e a gente ficou em Paris sozinhas. Na
verdade, eu até gostei, pois estava doidinha para comer um churrasquinho grego,
já que ele abominaria totalmente esse cardápio. Enfim, descobrimos um lanchonete
na Bastille e perguntamos se eles vendiam arroz. Estávamos carentes de arroz e carne. O atendente sorriu e disse: -
Brasileiras? Respondemos: - Yes! Ele
disse: - Bom dia!!! Novamente
perguntamos em inglês sobre o arroz e ele respondeu: BOM DIA. Tudo o que perguntávamos ou falávamos ele
sorria e respondia: BOM DIA. Depois de muita mímica e muita risada conseguimos
o nosso prato de arroz com churrasquinho grego.
Depois fomos lavar roupas na lavanderia. As máquinas só tinham instruções de uso em francês. Não tinha nenhum funcionário. Apareceu um homem que estava lavando as suas roupas, tentei um diálogo em inglês, mas nada... Novamente mímicas,
pulos, risadas. Depois de muito custo, consegui lavar e secar minhas roupas, sem uso do inglês,
só mimiques.
Sempre nos
fóruns eu vejo o pessoal comprando passe diário ou vejo as pessoas naqueles
ônibus de turismo. Eu nunca tive vontade de comprar isso não. Normalmente eu compro uma passagem de metrô para um determinado ponto e de resto vai a base das pernas. Eu curto demais esse lance de ir descobrindo as coisas,
sem muito protocolo. Se tem um lugar que eu curti demais em Paris foi subir as
escadas do Sacre Couer e ter uma visão panorâmica de Paris. Atrás da Sacre
Couer estava Montmartre e andar por ali, me fez respirar a Paris das Artes.
Comer pizza em algum lugar por ali junto com o melhor suco de abricot que tomei
na vida e em seguida descer até parar no
Moulin Rouge. E assim eram e sempre os nossos passeios e explorações: Um mapa da cidade em
punho e pernas e mais pernas.
E a recomendação
do filho era: cuide dos braços e não deixe ninguém por pulseirinhas em você.
Não olhe nos olhos. Não estique os braços. E cuidado com as mulheres das
pranchetas também – fuja delas. E realmente eu me deparei com essas pessoas
tentando ganhar uns trocos. É tão mais fácil assim, né? É claro que não dei
bandeira, porque ouvi falar que batedores de carteira também tem bastante. Mas graças a Deus não tivemos nenhum
imprevisto sequer,basta ficar atenta.
7) O
metrô do velho mundo
Eu literalmente
gosto de andar de metrô. Tem cada figura... e no metrô de Paris não é diferente. O
metrô Paris é bem antigo, mas tem muito charme com suas artes nos cartazes e os
músicos artistas. Um dia, em uma das minhas viagens, eu vi algo que me encheu
os olhos. Vi uma francesa com seu filho pequeno no colo. Eram dois lindinhos. Ela
lia para ele. Ele não era uma criança impaciente e imperativa como tenho visto
aqui no Brasil aos quilos, mas era comedido e calmo. Ele parecia viajar nas
palavras. Sua expressão curiosa e de
envolvimento com a narrativa era tamanha que não esqueci até hoje. Senti uma ponta de inveja. Queria que nossas
crianças fossem assim, calmas, comedidas e que valorizassem a cultura.
8) Coisas que quase ninguém bate foto:
Degraus
da parte subterrânea do Arco do triunfo, os quais estão desnivelados e tanta gente descer
Lá no Louvre, todo mundo quer uma foto com a Mona Lisa. Caro Leo, me desculpe, mas eu curti muito mais o apartamento de Napoleão. Eu não vi quase ninguém para aqueles lados.